Meu pai tem dito ultimamente que a velhice é fardo, enfado, etc. Ele não está dizendo isso porque simplesmente é a opinião dele, mas sim porque tem visto a luta que tem sido tomar decisões sobre a minha avó, mãe dele.
Dizem que minha avó, que tem acho que 85 anos e nunca teve nenhum tipo de problema sério, está com Mal de Alzheimer. Ela até então só tinha problema de audição e usa aparelho, fora isso, nunca teve nada sério.
Acontece que minha avó há anos mora com o meu tio caçula, mas na verdade ela ficava na casa dele só alguns dias da semana e a partir de quarta-feira ela ia cada fim de semana para casa de um(a) filho(a). Mas a médica agora disse que ela não pode ficar desse jeito para não embananar as ideias dela, e sim, que ela deve ficar numa casa só. Aí começaram os problemas: ela não aceita e os filhos ficam empurrando um para o outro de ficar com ela direto. Vergonhoso? Não sei, pois ficar com uma pessoa idosa 24 h não deve ser mesmo fácil. Agora onde ela põe um pé, temos que pôr o nosso. Mas a questão é a seguinte: todos são muito carinhosos com ela, falam que gostam muito, mas acho que ninguém quer ter tamanha responsabilidade e compromisso. E aí começam as desculpas de cada um, não posso ficar por isso ou por aquilo. E agora começam a fazer reuniões dia de semana, em pleno horário de expediente e o meu pai é um dos que tem que ir para cada vez não se decidir nada. Tristeza.
Só sei de uma coisa: quando um dia ela falecer, não quero saber de ninguém fazendo escândalo, chorando em volta do caixão, pois vou falar que é falsidade, podem crer.
Posso estar errada, mas acho que ela deveria ficar com uma das filhas, pois elas não trabalham fora e no caso dos homens, todos trabalham e as noras não tem obrigação nenhuma de cuidar da sogra. E se fosse para pagar alguém para cuidar dela o tempo todo? Nem todos concordam. E se fosse para colocá-la num asilo? Também não. O que fazer então? Isso que estão fazendo, ninguém decide nada, deixam todos de cabeça quente, e pior, meu pai cabisbaixo achando que se um dia ele precisar iremos fazer o mesmo jogo de empurra-empurra com ele. Aff. Difícil mesmo viver nesse mundo. E fica a pergunta que não quer calar: seria a velhice um fardo?