Dar aula é uma luta constante, um pedido eterno de silêncio. É preciso que consigamos com que os alunos parem de falar para conseguirmos dar um boa tarde e iniciarmos a aula. Quando menos se espera, estão todos falando novamente, fora aqueles que gritam em vez de falar. Fora aqueles que se levantam o tempo todo, que chamam o colega do outro lado da sala, que gritam pedindo para ir ao banheiro ou beber água. Na maioria das vezes o que querem mesmo é sair da sala, dar a famosa voltinha.
É muito difícil e desgastante ficar o tempo todo chamando a atenção, tentando conseguir silêncio para em seguida explicar o que os alunos "deixam" da matéria.
Como cansa tentar dar aula o tempo todo, tentar conseguir falar para uma platéia interessada em tudo, menos na aula, é Malhação, é o orkut, é o twitter, é tanta coisa na internet. Como competir com tantas coisas que os atraem tanto? E não adianta falarem que a culpa é do professor, que as aulas são chatas e pouco atraentes, porque por mais que a gente tente, não se pode dar aulas através de filmes, músicas e jogos sempre. Nem se fôssemos autorizados a isso, não teríamos tempo suficiente para planejar tais aulas e nem recursos que fossem possíveis, na escola pública principalmente.
Sou a favor de jogos, músicas, aulas das mais diversas, mas hão de concordar comigo que muitas vezes o tradicional funciona mais. Quem não tem um pai, uma mãe ou avós ou qualquer outro parente que só estudou até o chamado 4° ano primário e quase não "fala e escreve errado"? Meus pais são prova disso e quando minha mãe diz que não troca o 4° ano primário dela pelo estudo de muita gente hoje em dia, ela tem absoluta razão. Concordo com ela, pois tenho e tive muitos alunos que não sabem escrever e nem se expor oralmente quase nada nas mais diversas situações de comunicação exigidas pela sociedade em que vivemos.
Só sei que é muito triste formar naquela ilusão de que teremos uma "sala sentada, quieta, atenta", pronta para nos ouvir, adquirir e trocar conhecimentos e encontrarmos na realidade uma sala agitada, barulhenta, em que poucos querem aprender. Esse é o desabafo do que vivo há 9 anos, desde que formei em 18 de agosto de 2001 na Universidade Federal de Juiz de Fora.
Hoje me encontro dando aulas na Prefeitura, pedi exoneração de um cargo do Estado, o qual passei num concurso dificílimo em 2005 e trabalho numa microempresa em que eu me sinto feliz, realizada e na qual nunca imaginei trabalhar. E a escola, meu Deus, está bem, vai bem, mas porque tenho muita força de vontade e porque o Senhor me ajuda e me guarda, Ele é quem renova minhas forças, pois já passei por muito estresse, muita ansiedade, pensei em desistir, mas até quando Deus achar que devo, vou acumular anos de profissão, que serão acrescentados a esses nove que hoje faço.
Aline Maria de Oliveira Martins
18/08/10